Edição: 02/06/2011
Páginas: 408
Editor: Editorial Presença
Sinopse:
Na linha do realismo mágico, este é o romance de estreia de um autor com características muito próprias. A acção decorre num país de localização indeterminada, algures numas ilhas do Báltico. Entre as exóticas e curiosas personagens, destacam-se o honesto e atencioso Presidente da Câmara de Ponto, Tibo Krovic, e aquela por quem nutre um amor secreto e platónico, a sua bela secretária Agathe Stopak. A narradora, omnisciente e omnipresente, é Santa Walpurnia, uma virgem barbuda e mártir, antiquíssima padroeira da cidade, recurso que confere um inigualável grau de humor a esta obra.
Opinião:
O tempo disponível para ler não tem sido muito e por conseguinte demorei mais tempo do que gostaria a ler este livro. No entanto, acho que isso não prejudicou a sua apreciação pois, a meu ver, este é daqueles romances para saborear, para ir desfolhando pouco a pouco, à medida que vamos entrando e nos envolvendo na história, na vida de Ponto e de seus habitantes.
Apesar de ter sido lançado durante este Verão, este livro saberia muito bem como aquilo a que eu costumo chamar de um "romance de Inverno", para ir lendo calmamente enquanto ouvimos a chuva a cair lá fora! ^^
O que me chamou a atenção em primeiro lugar neste livro foram os nomes atribuídos aos locais, cidades, pontes, rios, etc. Normalmente, estamos habituados a que a acção decorra num sítio real que podemos localizar geograficamente ou mesmo fictício, mas com nomes inventados que, para quem não sabe, até poderiam existir.
Nesta história a única informação que nos é dada é que a acção decorre num "país indeterminado, constituído por várias ilhas algures no Mar Báltico" e a maior parte dos locais têm nomes como Ponto, Travessão, Vírgula, Rio &, Ponte Verde, etc..
Logo na forma como o livro começa ("No ano Em Branco, quando A-K era governador da província de R,...") parece dar-nos a entender que o autor quis deixar para segundo plano tudo o que não seja relevante para a compreensão desta história de amor, virando o foco apenas para as personagens principais e outras com quem elas interagem.
Mas isso talvez seja eu que tenho a mania de interpretar tudo e mais alguma coisa... por isso não sei se estarei certa ou completamente errada. =)
Relativamente à história em si, logo de início o autor começa por nos apresentar a história da padroeira de Ponto, Santa Walpurnia, a virgem mártir barbuda e, a partir daí percebemos que a história nos vai ser relatada segundo o ponto de vista omnipresente desta.
Assim, através dela conheceremos o Bom Presidente Krovic, presidente da Câmara de Ponto, que prefere sempre fazer o que "é bom" ao que "é certo".... Conviveremos com a sua solidão e com a paixão que nutre há anos pela sua secretária, Agathe Stopak. Espreitaremos com ele por debaixo da porta do seu gabinete com vista para a secretária de Agathe... olharemos com ele através da janela com vista para a fonte onde todos os dias Agathe se senta com a sua lancheira para almoçar... e, estaremos também com ele quando, por fazer sempre "o que é bom", Tibo terá chegado um dia atrasado...
Conheceremos e acompanharemos também a vida de Agathe, casada, mas há muito tempo só. Pois se "Tibo conhecia a solidão de estar sozinho. Agathe conhecia a solidão de estar com alguém". Suspiraremos junto com ela por uma casa na Dalmácia.... pensaremos, ao chegar a casa, em como estará o Bom Presidente Krovic nesse momento... etc., etc., etc.
Como já devem ter percebido, esta é a história de duas pessoas que se amam platónica e mutuamente na solidão de suas casas... mas será que este amor alguma vez se concretizará?!
Além destas duas principais personagens houve ainda uma outra que me cativou: a Mamma Cesare, uma stregga, com as suas extraordinárias capacidades e o seu maravilhoso teatro escondido e com tão especiais inquilinos.... ;)
Enfim, espero ter-vos aguçado o apetite para a leitura desta belissíma história de amor, onde se prometem algumas surpresas e reviravoltas e um final digamos que algo mirabolante...! =)
Classificação: 4/5 Muito Bom
P.S. - Não poderia deixar de agradecer à Editorial Presença pela oportunidade que me deu de ler este óptimo livro e, mais uma vez, pedir imensa desculpa pela demora!
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