quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Frases que ficam...


O Décimo Terceiro Conto - Diane Setterfield

"De quando em quando, tiro um volume da estante e leio uma ou duas páginas. Afinal, estou cá para cuidar dos livros e ler é cuidar, por assim dizer. (...) Por muito banal que seja o seu conteúdo, há sempre alguma coisa que me toca. Pois alguém, agora morto, achou em tempos aquelas palavras suficientemente importantes para as escrever.
As pessoas desaparecem quando morrem. (...) Cessa toda a memória viva deles. E isso é simultaneamente terrível e natural. No entanto, para alguns, há uma excepção a esse aniquilamento. Porque continuam a existir nos livros que escreveram. Podemos redescobri-los. O seu humor, o seu tom de voz, o seu temperamento. Através da palavra escrita, eles podem encolerizar-nos ou fazer-nos felizes. Podem confortar-nos. Podem confundir-nos. Podem modificar-nos. E tudo isso, apesar de estarem mortos. Como moscas em âmbar, os seus corpos petrificados no gelo, aquilo que segundo as leis da natureza deveria fenecer, é preservado pelo milagre da tinta no papel. É uma espécie de magia. 
Assim como as pessoas tratam das sepulturas dos mortos, eu trato dos livros. (...) Sentirão eles, esses escritores mortos, quando os seus livros são lidos? Será a sua alma afagada pelo toque levíssimo de outra mente a ler a sua? Espero que sim, pois deve ser muito solitário estar morto." - Pág. 25

Sem comentários:

Enviar um comentário

Obrigada pelo comentário! :)